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Formatura da Fabico (ou A vida não é um crepe de ricota com nozes flambado no conhaque, mas bem que poderia ser)

Como era de se esperar, fui sábado na formatura do pessoal da comunicação da Fabico. Eu conhecia vários dos(as) formandos(as), então era meio inevitável a minha presença. Mas não vou falar aqui dos sentimentos que me acometeram ao ver um monte de gente que entrou junto comigo na faculdade se formando, ou dos momentos cômicos da cerimônia, ou das homenagens ao Gabriel (que, caso alguém não saiba, morreu tragicamente dois dias antes de defender sua monografia), nem das pessoas que revi por lá e das que achei que ia ver e não consegui. Não... Não vou falar de nada disso.

Eu vou falar do crepe que eu comi, isso sim.

Foi na recepção da Débora, a primeira das duas pelas quais passei naquela noite – a outra foi a da Ana Luiza. Bem legal: lugar muito bonito, ambiente bacana, bons amigos, bebida farta e boa comida. Fiquei um tempo mais na manha, só na conversa e na bebida para descontrair, mas uma hora o estômago se manifesta e o guerreiro acaba tendo que repor as energias depois de 3 horas de formatura. O Zeh tava lá, dizendo que o tal crepe era divino, então resolvi passar lá para ver qual que era.

E vi. Uma massa fininha e apetitosa era recheada com uma mistura de ricota com nozes que era uma coisa linda de se ver, que dirá de comer. O cozinheiro fechava o crepe na própria frigideira, com movimentos experientes de braço e ombro, e depositava o conhaque por volta da iguaria para o grande momento plástico daquela já bonita visão. Breves instantes de contato com o fogareiro e voilá: surgia a chama, enorme, flambando o acepipe antes que nossos olhos maravilhados compreendessem de todo o que estava se passando. E daí nos restava o crepe pronto para degustação, tão tangível e comestível que de certo modo seu fascínio quase se perdia depois de uma preparação tão impactante. Até a primeira garfada, é claro – porque o gosto daquilo, acreditem-me, era não menos do que celestial.

Bendita a faculdade que, ao fim de seu curso, leva uma pessoa de bom coração a oferecer aos amigos um alimento de sabor tão sensacional. Depois de anos de salas aos pedaços, currículo embromador, professores embromadores, colegas embromadores e um ar de embromação tão intenso no ar que se torna quase impossível você mesmo não virar um embromador, um crepe de ricota com nozes flambado no conhaque é um consolo dos mais válidos e comoventes. Degustar um crepe desses é celebrar a vida, é comemorar o fim de uma fase importante sem lágrimas e sem remorsos. Quem se importa se os amigos vão indo embora e você vai ficando, cada vez mais sem raízes e sem ter no que se agarrar? Que diferença fazem as hesitações profissionais e as incertezas da monografia? Quem liga se o fim vai chegando mais e mais perto e a gente não tem certeza nenhuma se quer que acabe mesmo ou não? Sim, sentiremos falta de ir no Dacom depois do almoço no RU, ficar ouvindo um som e conversando com pessoas legais enquanto esperamos nossa vez na sinuca. Vamos ter saudade das aulas horríveis transformadas em momentos inesquecíveis graças a uma conversa em folha de caderno ou uma partida clandestina de truco. Lembraremos saudosos dos dias alegres de graduação, quando o fim da estrada se escondia atrás da curva e a moleza parecia que não ia acabar: mas quem liga? Se, no fim do caminho, tivermos a chance de saborear um crepe de ricota com nozes flambado no conhaque, deixar tudo para trás talvez até acabe mesmo valendo a pena.

É. Acho que está na hora de me formar de uma vez.

NOTA DE RODAPÉ: assisti esses dias "À Procura da Felicidade", com Will Smith. Bem bonzinho o filme: história bacana, roteiro bem redondinho (as reviravoltas do protagonista em busca de suas máquinas de tomografia óssea são muito bem inseridas no filme, de modo que se esquece fácil fácil que são no fundo desnecessárias para a história), um direção simples e competente de Gabriele Muccino e uma ótima atuação de Will Smith, construindo um personagem tocante na sua dedicação ao filho e na sua determinação em ter sucesso. Tem alguns momentinhos que beiram o exagero, e é óbvio que reproduz um clichê hollywoodiano típico (o bom moço que supera dificuldades tremendas para conquistar seu quinhão no 'american dream') sem nenhuma tentativa de ousar, mas no fim das contas cumpre o seu papel de entreter uma platéia com muitas e muitas sobras. Nunca esqueçam disso, meninos e meninas: cinema é, antes de tudo, diversão. Bem bacaninha, recomendo.

ai, ai, pena não ter comido o tal crepe. optei por lasanha, estrogonofe, antepasto de beringela, lingüicinha, carne grelhada, tortéi, enfim, uma bela azia ao molho de cerveja. faz parte do clima de encerramento de uma fase.

belo texto, mais uma vez
formatura é sinônimo de um turbilhão de sentimentos, também pra mim
beijos
Pati Benvenuti

Dentre os momento inesquecíveis de Fabico, faltou tu falar aquele joguinho de forca na aula da Ilza Girardi, no qual traduzíamos títulos de músicas do heavy metal para o português (Gangland virou Ganguelândia, lembra-se?)
hfkjhdjksahdkjshdjkh
Abraço.

Falando em formatura, ai, que medo. A minha não consigo ver no horizonte... Bem, acho que em dois, anos, talvez menos. É sempre aquela coisa: "Esse semestre vou me puxar", e acabo trancando alguma cadeira...

Mas sei que vou sentir muita falta da Fabico. Ô lugarzinho de gente agradável, hein?

Beijão, Igor. Gosto muito de ti!
E pode lincar já, sim, o blog novo. É só Usina agora.

Estarei pela faculdade todas as manhãs. Certamente nos encontraremos por lá, e te interrompo!! :)

mas que belo crítico gastronômico o sr. está me saindo, ein? ulalá!! até deu fome agora, heheheheh, beijo!

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