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Sentimentalismos de uma tarde de fevereiro (ou O dia em que Natusch meteu a mão nos arquivos do Caderno 2)

Passei esses dias envolvido na reorganização do arquivo do Caderno 2.

Tá bom, eu explico. Caderno 2 é um programa de TV desenvolvido pelos monitores que trabalham no Estúdio de TV da faculdade de Comunicação da UFRGS. É tipo uma revista eletrônica, falando de atividades culturais que ocorrem em Porto Alegre. A linguagem, embora descontraída, procura seguir certos preceitos básicos de produção em televisão, e o programa acaba sendo uma grande oportunidade de aprendizado para alunos que querem trabalhar com vídeo e TV em suas carreiras profissionais. O arquivo da nova fase do programa estava bagunçado, e como fico meio sem fazer nada lá no estúdio acabei decidindo fazer algo de útil e botar ordem naquela coisa toda.

Na verdade, o Caderno 2 é um projeto meio antigo dentro do Núcleo de TV, que foi ressucitado em 2005 por um grupo de monitores cansados de ficar por lá sem fazer nada, entre os quais eu me incluo. Uma das coisas interessantes de ficar decupando e arrumando tudo foi perceber a evolução do negócio: no início, éramos bem ingênuos no tocante à edição e tínhamos alguns problemas sérios de linguagem. Com o tempo, fomos pegando o jeito, e saíram de fato algumas matérias bastante boas, embora o formato ainda estivesse meio longe do ideal. Daí, no fim de 2005, quase todo mundo envolvido saiu do estúdio por um motivo ou outro: fiquei só eu, e levou um tempo até reestruturar a equipe e tal. Trabalhamos bastante em 2006, e no meio do ano fomos recompensados: ganhamos o prêmio de Melhor Programa de TV universitário gaúcho no Gramado Cine Vídeo, que corre paralelo ao Festival de Cinema de Gramado. Hoje em dia, estamos em nova transição - mais suave do que a anterior, mais ainda assim cheia de incertezas e de dificuldades que vão se ajeitando com o tempo.

Na verdade, esse negócio de ficar arrumando fita, anotando 'timecode' e descrevendo conteúdo serviu, acima de tudo, para me dar um orgulho danado desse projeto e do que ele conseguiu. Foram dois anos de improvisar, de lutar contra as limitações de material, de buscar soluções criativas onde não tinha dinheiro e principalmente de aprender na marra, fazendo e errando e tratando de acertar na próxima vez. Sou a única pessoa que esteve presente desde a retomada do Caderno 2 até agora, e acho que isso me dá uma perspectiva interessante da trajetória toda.

Muita gente muito boa participou desse projeto em algum momento. Gente que hoje está em outros lugares, e que certamente vai se dar bem no mundo lá fora. Penso na Denise, com quem sempre tive uma interação câmera-repórter espetacular; penso na Bruna, que por um bom tempo ficou no estúdio meio a esmo, mas que quando abraçou o programa se transformou e descobriu que aquilo era o negócio dela; penso na Natália, outra que não sentia nada muito especial por vídeo (ela mesmo me disse algo parecido mais de uma vez) e hoje está cheia de planos para reformular o programa. Penso nos dias em que eu, atolado até o pescoço com problemas de outros projetos, acabei meio que negligenciando o Caderno 2, e mesmo assim ele seguiu em frente e melhorando sempre. Afinal, ele não é um trabalho de indivíduos, e sim de um grupo. E é assim que ele acaba funcionando - às vezes meio aos trancos e barrancos (afinal, somos universitários em processo de aprendizagem, puxa vida), mas sempre em frente até Deus sabe onde.

No fundo, isso tudo é porque eu sei que meu tempo de Caderno 2 está acabando. Estou nesse negócio há dois anos, parte deles como câmera e parte como diretor. Antes, eu era monitor como todos os outros envolvidos; agora, sou técnico do estúdio, com novas funções, tarefas e responsabilidades, boa parte delas incompatível com meu trabalho no programa. De mais a mais, logo nem universitário vou ser mais - devo me formar no fim do ano, drama que vocês provavelmente poderão acompanhar em detalhes por aqui. Pretendo seguir dentro do projeto durante o primeiro semestre, dividindo minhas funções com alguém - até por uma questão de planejamento e de preparar a sucessão, digamos. Mas na metade do ano não vai ter jeito: passo a bola para outro e me aposento de vez do Caderno 2. Nenhum problema, na verdade - tenho certeza que vão se virar muito bem sem mim, provavelmente fazendo um trabalho ainda melhor do que o feito quando eu estava presente. Ninguém é insubstituível, e isso também é a força e a permanência de um projeto - qualquer projeto.

Mas vou sentir falta desses dias, certamente. Como já sinto dos tempos em que eu não decidia nada no programa, apenas pegava a câmera e ia fazer imagens em algum lugar. Como já sinto dos meus primeiros dias no estúdio, quando qualquer trabalho era o máximo e quase todo fim de semana eu arranjava alguma saída de câmera para fazer. Como já sinto de mesmo antes de eu entrar no estúdio, quando eu invadia aquele lugar para ficar olhando os equipamentos e conversando com as pessoas, só porque eu gostava do ambiente e achava que estar por ali era melhor do que a maioria das opções existentes. O tempo está passando, mas de qualquer maneira é bom perceber que, bem ou mal, eu estou aproveitando ele de uma maneira que me parece correta. Tomara que eu sempre possa lembrar do meu passado recente e ter orgulho do que aconteceu nele, do mesmo jeito que agora eu tenho orgulho (e muito) do Caderno 2. Me parece um bom objetivo a perseguir.

Não é só em ti que a Fabico vai causar saudades. Tempos bons, esses.

oie :) vou te lincar, menino

bitkids é FODA! =P

abraço.

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  • Natusch
  • Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil
  • Eu não pinto a minha barba.
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